sábado, 14 de janeiro de 2012

Medonho, Outros Trechos.


Naquele exato momento Medonho notou que a respiração ofegante do outro lado da linha havia silenciado. Estava sozinho em casa e na escuridão. Os únicos resquícios de luz vinham das ruas muito iluminadas de Neffesturia, que naquele momento festejava a chegada de mais um ano novo com muita euforia.
Porém o silêncio do outro lado da linha foi subitamente interrompido por ruídos que assemelhavam-se claramente com o farfalhar das árvores e com o silvo cortante dos ventos do inverno. Logo depois surgiu uma confusão de ruídos indecifráveis: vozes, gritos, conversas...

— Alô? — Medonho perguntou franzindo o cenho. — Quem é você? — com os olhos semicerrados e ouvidos apurados tentava decifrar o que as vozes estavam dizendo, mas falavam uma outra língua.

De repente o silêncio absoluto voltou a reinar, e já não havia mais nada do outro lado da linha. Porém a ligação não havia caído, foram exatos cinco minutos sem nenhum barulho estranho...

— É alguém da Floresta? — Medonho perguntou com notável fascínio na voz. — É alguém da Floresta das Sombras? — continuou e seus olhos transbordavam em expressão de terror e deslumbre.

A resposta que veio em seguida foi um grito capaz de trincar as resistências da aura e perturbar o espírito...