sexta-feira, 30 de abril de 2010

17 de fevereiro (registros num livro preto)

Seus pensamentos podem estar em qualquer lugar, menos aqui. Eu sei, você se perdeu. Há muito mais para se preocupar, para se lembrar. Nem tudo sou eu. Entendo seus sonhos assim como os meus, eu vejo em seus olhos. Não há problema algum quando eu te vejo distante. Não quando eu ainda posso tocar. E mesmo que eu venha a te perder num instante, eu sei que você vai voltar.
Não me deixe só, eu tenho medo de não me abtuar à sua ausência. Estive tanto tempo junto ao pó, as cinzas...não me deixe só. Eu não quero lembrar do passado, nem viver desesperado, vendo tudo se perder ao redor.
Faça seus planos, que eu faço os meus. Não me preocupo com o tempo e a distância dos caminhos seus. Só não vá para nunca mais voltar. Pegue um avião, um navio, rode o mundo. Eu te espero no aeroporto, no porto, não me cansarei ao te esperar. Só não vá embora para nunca mais voltar.
Eu fechos os meus olhos e é você quem a habita os meus sonhos. Jogue fora estas palavras se já tiverem perdido a coerência. Eu tiro a minha roupa, grito para que o mundo me ouça, porque eu só quero que tudo isso fique em evidência.
E o que há de errado comigo? Eu não consigo entender. Subitamente eu descubro que é tudo contigo. É você o porquê. E se eu te pedir algo simples você me promete? Não me deixe só...não me deixe só. Por favor, não me deixe só.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aquele dia em que acordamos sem pensamentos. Só há um vazio na mente. Dias em que queremos caminhar a ermo, pra qualquer lugar, sem hora pra voltar. Momentos onde tudo parece perder as cores. E as pessoas ao redor? Nada são.
Dias em que nossas memórias nos forçam a lembrar dos piores momentos, dos piores comentários e das piores decepções. Momentos em que caimos na real. E o sonho? Não existe mais. Porque a nossa sensação de abandono é tão profunda, que em nosso interior não há mais nenhuma motivação.
Dias em que o sol quente queima, mas não dá energia. Dias em que a chuva cai mais não refresca. Dias em que queremos refletir, sozinhos, isolados num canto...porque nada no mundo parece nos entreter, porque no momento nada parece perceber, que talvez uma única palavra pudesse nos trazer de volta à "vida".
E quando não temos com quem desabafar, ou quando não temos coragem de expor nosso interior, é que a companheira, cujo nome é Solidão, nos diz um singelo "Olá". Como numa tentativa debochada de dizer que não estamos a sós.
Nos obrigando a refletir, reflita nos seus problemas. Aqueles que não parecem ter soluções, mas antes verifique se não é você quem está aumentando tudo. É nesses momentos que temos tempo para nós mesmos. E poderíamos fazer desse momentos os melhores possíveis. Mas há algo invisível que nos puxa pra baixo e se aproveita desse momento filosófico para nos deixar tristes e para que afundemos num mar de pensamentos negativos.
Oh solidão, essa que acompanha a nossa alma desde que nascemos e vai conosco quando enfim...morrermos. Oh solidão, eu não te quero por muito tempo, por favor...me deixe ir.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Acordado

Eui adormeci pesadamente, estava cansado, tive um dia estressante. Mudanças de horário mexem muito com o meu humor. Eu caí na cama, pensei um pouco e simplesmente estava envolto num sonho que eu nem consigo lembrar.
Acordei e o computador estava ligado, a casa inteira nas trevas. Não havia sequer uma luz. Todos tinham ido dormir? Provalvelmente sim. Acordei me sentindo sujo e suado. Fui para o computador ver se achava alguma companhia naquela madrugada fria. Haviam algumas pessoas on-line. Perdidos no tempo como eu. Talvez também estavam ali por não ter nada melhor para fazer. Eu ainda tentei me manter na tela do monitor por alguns minutos, mas logo estava de volta na cama. Porque algo levantou em algum cômodo. Algo remexia, gemia e se arrastava. Seria minha tia preocupada pelo fato da minha prima estar fora de casa? Logo depois a porta da sala é aberta. Minha prima chegou. Desliguei o estabilizador, pois não queria esperar que o computador desligasse às sua maneiras. Ele é muito lerdo. Caso me pegassem on-line aquela hora seria um Deus nos acuda. Sim, porque tudo em casa é motivo para falatórios, então é melhor evitá-los.
Deitei frio na cama novamente e pensei. Pensei, pensei e pensei na minha solidão momentânea. Na minha saudade desesperada e na minha carência afetiva. Pensei no espelho, pensei na minha vida e pensei no meu futuro. Pensei nos meus sonhos. Antes de dormir pensamos e pensamos e quase nunca conseguimos acalmar esses pensamentos. Senti medo, senti fome, senti vontade de tomar um banho, afinal eu não tinha tomado. Mas eu não queria perturbar o sono leve da minha tia. Ela acorda com qualquer barulhinho. Me sinto fora do ninho aqui. E eu tenho que calcular meus passos e até mesmo o que eu vou dizer. De todos os lugares que já estive, esse é o melhor. Mas há coisas que realmente exigem paciência, como em qualquer lugar. Eu tenho experiência, porque já morei em tanta casa que eu nem me lembro mais. E meu coração? Anda batendo forte, muito forte. Por alguém que está distante, mas que eu sei que em alguns momentos lembra de mim. E não falo de antigos affeurs. Falo de um atual delírio, que por Deus, eu não gostaria que fosse um sonho, mas no fundo eu sei que é.